quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

se ligue no Pelos

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

BINAH

numa noite fria e nevada
na praça mais célebre de manhattan
marcel duchamp mais 2 ou 3 caras
criaram a república livre e independente de washington square

numa noite de chuva fina e tiroteio
na rua mais molhada de ouro preto
getúlio vargas com mais dois ou três desesperos
criaram a república sulista que atiraria no estudante paulista

numa primavera de 1975
no pátio ideológico onde a gente sempre brincava
duas ou três espingardas kalashnikov
provocariam a overdose do binah cabalístico da onde beberíamos

até o infinito

daquela água turva da terceira margem do rio

domingo, 8 de dezembro de 2013

N


SALLY NÃO PODE DANÇAR

Assim que saiu do sono Sally não sabia mais dançar
misturada que estava e ainda seria talhada de anfetamina e amnésia
há poucas horas escapara da parada integralista que ocupava
st. marks place e a praça da sé sob seus sapatos
poderia ser 1984, poderia ser 1934, poderia ser de fato
um sonho without place avec un reve deplacé
mas a sanha de Sally acenando a saudação anauê
selara uma lista de nomes conhecidos à festa que fomos
saldara um levante seletivo de ressentidos neurônios
dentre eles plínio salgado, lou reed (seu pai sagrado)
lembrança do laquê nauseante de um show da beyoncé
aspergido de perto e escorrendo do rosto
que multi-avermelhara sua camisa verde-oliva:
vai Sally, ser nazi e gauche na vida

assim que saiu desse sonho
sentia que não poderia mais dançar como antes
não poderia mais desconhecer tompkins square
dado o seu fio viciado de ariadne transformer de youtube
cedeu meth, facebook, kenneth lane, red bull, absolut
admitiu nutrir-se do que mata e poderia morrer
pelo que ampara no peito à título de zueira e símbolo
em troca de hóstia e suástica, em troca de slogan e swàstya-yoga,
em troca de um litro de logan de doze e um amor qualquer que fosse
recolheria hoje seus restos irreconciliáveis
de pessoa física e peri-espírito inquebrantável

Call-me Sally e me desacelere
porque tomei quatro comprimidos e (os) preciso
de férias.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Opalescente


sábado, 22 de junho de 2013

Ao menino de 1918


LES TREIZE SOLEILS DE LA RUE

je ne sui pas d’accord avec votre histoire
soixante-huit mai paris ma petite amie… voilà
je voudrais disparu comme la bombe et l’état
mais avec toi l'imagination prend le pouvoir

porque que a rua é quase escura presque noir
fora seu olho de tristeza alegre e escassa. passará
la barricade qui ferme la rue mais ouvre la voie
continuará fora o foro mal armado e reaça
disfarçado de estrela pesada e leve que vestiu bege
ante a câmera espetacular que guy debord concede

ao vinagre derramado

hannah arendt postando memes de outro maio
arena brega do estado ao fim de mais um danton datado
cada um do seu próprio lado, marat de vinte centavos
le soleil de la rue saint-blaise esquece que são treze
(e treze é galo)

sábado, 13 de abril de 2013

Dos laboratórios platônicos



domingo, 17 de fevereiro de 2013

O corpo infenso


O corpo infenso a qualquer propósito hodierna-
mente além do horizontal das pernas sente que
a cama caberia aquém do infinito, mas só deste

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Re intervenções


RE INTERVENÇÕES

1
nesse muro há duas cores
a que você me olha
e a do meu olho

2
nesse mundo há dois acordos
o que você acorda
e o que eu escolho

3
nesse fundo há dois poços
o escuro que dura
e o que brilha a ouro

4
nesse fosso há duas flores
o lírio que arrisca
e o fundo que ecoa

5
nesse corpo há duas dores
a que o osso disfarça
e a que a alma rechaça

6
nesse retrato há dois tratos
o que eu finjo que faço
e o que faço pouco caso