sexta-feira, 24 de março de 2017

Entre a eletrônica e o pop: Paralaxe
O último disco da banda, “Quartzo”, lançado em 2015, 
é um dos projetos mais interessantes e arrojados da cena independente nacional 


A enzima inicial da Paralaxe nasce em 2003, da vontade de fazer experiências musicais pautadas por poesia; vontade que foi se destilando na ideia de criar canções em forma de música eletrônica – ou fazer música eletrônica que tomasse forma de canções. Formada por um dos melhores letristas e vocalistas da cidade, Fred HC, e por um guitarrista que é uma verdadeira usina de estilos, Rafael Carneiro, a Paralaxe tem três discos lançados (“Paralaxe”de 2005, “Under Pop Pulp Fiction”, de 2007 e “Deus Ex Machina”(2011).

O último disco da banda, “Quartzo”, lançado em 2015, é um dos projetos mais interessantes e arrojados da cena independente nacional: um disco de vinil gravado no estúdio no Bunker Analog, incrível iniciativa do músico Anderson Guerra, localizado no bairro Santa Efigênia. Trata-se de um dos poucos estúdios no país especializados em gravações analógicas, ou seja, abrindo mão da infinidade de recursos digitais que ocupam as gravações atuais e voltando ao velho esquema utilizado para a gravação de vinis e cassetes. Assim, a sonoridade eletrônica da banda foi transfigurada em sons orgânicos que pedem bênção ao soul, ao jazz, ao blues. Um trabalho imperdível de uma banda fundamental para BH.


“3 álbuns com Guilherme Castro (SOMBA)”
"3 álbuns com..." é a mais nova série do BPT!, onde convidaremos músicos 
dos mais diversos gêneros para listar 3 de seus álbuns preferidos


Paralaxe - Quartzo [2015]
Esse álbum lançado em vinil e todo gravado em estúdio analógico foi um dos melhores lançamentos brasileiros de 2015. O duo mineiro Paralaxe mostra muitas das qualidades que enumerei acima para o álbum do Wilco: produção musical impecável de Anderson Guerra, belos arranjos, boas letras e uma sonoridade analógica bastante prazerosa. Não é porque sou suspeito para falar (afinal, colaborei com alguns dos arranjos...), mas esse álbum mostra uma estética que me pega forte, com muita influência da equipe Wreckling Crew (pesquisem pelo Netflix e assistam...). Obra primorosa que, de fato, tem passado bastante tempo no meu toca-discos e articula bem um passado pictórico com o presente crítico.