PARALAXE
Estende-se da música propriamente dita à poesia incluindo o emprego de modos musicais de caráter patético, descrições de cenas desencorajantes - sobretudo as que inspiram o temor da morte e o desapreço dos deuses - a expressão de lamentações e queixumes, atribuída a heróis ilustres, narrativas não edificantes, representações trágicas, que induzem ao domínio das paixões violentas, e as cômicas, favoráveis ao desequilíbrio da conduta.
segunda-feira, 27 de abril de 2020
segunda-feira, 5 de junho de 2017
sexta-feira, 24 de março de 2017
Entre a eletrônica e o pop: Paralaxe
O último disco da banda, “Quartzo”, lançado em 2015,
é um dos projetos mais interessantes e arrojados da cena independente nacional
A enzima inicial da Paralaxe nasce em 2003, da vontade de fazer experiências musicais pautadas por poesia; vontade que foi se destilando na ideia de criar canções em forma de música eletrônica – ou fazer música eletrônica que tomasse forma de canções. Formada por um dos melhores letristas e vocalistas da cidade, Fred HC, e por um guitarrista que é uma verdadeira usina de estilos, Rafael Carneiro, a Paralaxe tem três discos lançados (“Paralaxe”de 2005, “Under Pop Pulp Fiction”, de 2007 e “Deus Ex Machina”(2011).
O último disco da banda, “Quartzo”, lançado em 2015, é um dos projetos mais interessantes e arrojados da cena independente nacional: um disco de vinil gravado no estúdio no Bunker Analog, incrível iniciativa do músico Anderson Guerra, localizado no bairro Santa Efigênia. Trata-se de um dos poucos estúdios no país especializados em gravações analógicas, ou seja, abrindo mão da infinidade de recursos digitais que ocupam as gravações atuais e voltando ao velho esquema utilizado para a gravação de vinis e cassetes. Assim, a sonoridade eletrônica da banda foi transfigurada em sons orgânicos que pedem bênção ao soul, ao jazz, ao blues. Um trabalho imperdível de uma banda fundamental para BH.
“3 álbuns com Guilherme Castro (SOMBA)”
"3 álbuns com..." é a mais nova série do BPT!, onde convidaremos músicos
dos mais diversos gêneros para listar 3 de seus álbuns preferidos
Paralaxe - Quartzo [2015]
Esse álbum lançado em vinil e todo gravado em estúdio analógico foi um dos melhores lançamentos brasileiros de 2015. O duo mineiro Paralaxe mostra muitas das qualidades que enumerei acima para o álbum do Wilco: produção musical impecável de Anderson Guerra, belos arranjos, boas letras e uma sonoridade analógica bastante prazerosa. Não é porque sou suspeito para falar (afinal, colaborei com alguns dos arranjos...), mas esse álbum mostra uma estética que me pega forte, com muita influência da equipe Wreckling Crew (pesquisem pelo Netflix e assistam...). Obra primorosa que, de fato, tem passado bastante tempo no meu toca-discos e articula bem um passado pictórico com o presente crítico.
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
i-lone
não fumo a hóstia da religião humanismo
até vou apertar mas não vou acender agora
não abro a tela, que ninguém me leia lendo
esperando o digitando três pontos do infinito
dou print depressa
e F5
assertiva cifrada para não servir de premissa
a regra, o dogma, oremos a missa
ri alto!
aperto o mute, dou block, decidido clico, tuíto, mudo o nome,
emoticon instantâneo evasivo textão ofendido, ato contínuo, respondo
depois, stalkeando por horas, não te adiciono
mudo o pano de fundo do aplicativo
mudo o perfil, a frase do início
com a lembrança do antigo
enrolo a teresa digital da fuga,
respiro certeza
e reinicio
sexta-feira, 1 de julho de 2016
domingo, 5 de junho de 2016
domingo, 27 de março de 2016
domingo, 20 de março de 2016
Ele não é isentão, só tem preguiça. Por que? Porque deve ter inteligência menor que a média. O que você fala hoje (independente do que fala) já estava falado há dezenas de longos anos em que ele apenas viveu, viveu, pensou, pensou e entendeu muito pouco. Isso acontece com quem pensa. Acontece nas melhores famílias, tradição e propriedade intelectual da marcha dos 100 mil sobre Roma. Se acontece nas melhores, acontece nas piores. Você lembra do PSB, partido onipresente da década de 40 que estava à direita da esquerda e à esquerda da direita? Votou nele ou não votou? Porque era tudo ou nada, o petróleo seria nosso ou não seria, seria? Cadê seu Deus agora? Aplaudido por Carlos Lacerda, Carlos Prestes defendeu a direita até a morte em nome da esquerda: o petróleo é de todos, inclusive de russos e australianos, por que não? Somos homens e o mundo nos pertence até a última gota, desde que seja pra todo mundo e que sejamos iguais diante da desigualdade criadora e desiguais diante da igualdade teórica dos manuais de astronomia. Olavo de Carvalho lia manuais de astrologia. Corra, se tiver coragem, porque se correr o bicho pega, mas e as bichas? E se o Bolsonaro garantir o subsolo do subsolo à camisa dos descamisados da pátria, partamos da hipótese que a hipótese esteja de antemão confirmada astrologicamente, nada de abrir o pré-sal Serra acima, aqui é macheza nacionalista homofóbica em nome de todos, fraga? A ditadura da maioria é tensa e a maioria da maioria tem opiniões corretas ainda que divergentes. O futuro a Deus pertence e esse é um textão sobre pertencimento, embora pese o peso de palavras não ditas.
domingo, 21 de fevereiro de 2016
A praia da estação de 1930
Meu tio Virgílio de Melo Franco tinha uma carta na manga e uma interrogação prosaica sobre luvas brancas e charutos cubanos.
Vargas o considerava o croupier translúcido dos desígnios de 30.
Estávamos já bem gestados nisso quando um retro-gosto de futurismo italiano previu a reação hater no youtube:
- o aftertaste do aftertaste do lobo do homem
(haters gonna hate)
Titio, ainda temos que averiguar um espaço no discurso que caiba os vencidos de Canudos e uma particular superstição que me inclina a segurar sua foto com a mão esquerda enquanto a direita, faz um negativo. iremos sempre aguardar um fato novo? assim, pergunto, plasmar um interlúdio em eventos de qualquer natureza? e o interlúdio da interdição sem noção?
- tinha um drink naquele link, tinha um link naquele drink
(chapolin, joga água em mim)
no caso de você me pedir uma dicção mais específica, diria: Anayde Beiriz era jovem bonita solteira poeta fumante e feminista... preciso de um sim para seguir outros sins adiante.
Vargas o considerava o croupier translúcido dos desígnios de 30.
Estávamos já bem gestados nisso quando um retro-gosto de futurismo italiano previu a reação hater no youtube:
- o aftertaste do aftertaste do lobo do homem
(haters gonna hate)
Titio, ainda temos que averiguar um espaço no discurso que caiba os vencidos de Canudos e uma particular superstição que me inclina a segurar sua foto com a mão esquerda enquanto a direita, faz um negativo. iremos sempre aguardar um fato novo? assim, pergunto, plasmar um interlúdio em eventos de qualquer natureza? e o interlúdio da interdição sem noção?
- tinha um drink naquele link, tinha um link naquele drink
(chapolin, joga água em mim)
no caso de você me pedir uma dicção mais específica, diria: Anayde Beiriz era jovem bonita solteira poeta fumante e feminista... preciso de um sim para seguir outros sins adiante.
sábado, 5 de dezembro de 2015
Paralaxe no Programa Tropofonia | Rádio UFMG
domingo, 25 de outubro de 2015
Mellon Collie and the Infinite Sadness
Anteontem, exatamente (23/10), há 20 anos, era lançado o "Mellon Collie and the Infinite Sadness" - sempre uma influência.
sábado, 10 de outubro de 2015
Dr. Paralaxe vs o Dragão do Tempo
por Thiago Pereira
“O ‘Quartzo’ não nasceu. Como bom cristal que é ele sempre existiu!”
A conclusão acima, do vocalista Fred HC, veste com precisão essa roupa de luxo que ele e o guitarrista Rafael teceram para celebrar as comemorações de dez anos da Paralaxe. O mineral que se usa para medir o tempo, cuja vibração determina a passagem das horas na grande maioria dos relógios, localiza o quart(z)o disco do grupo como museu de grandes novidades, nostalgia do futuro, todo e nenhum tempo concentrado no espaço de um vinil que, em si é também a metáfora do cristal (quartzo) no recorte da durabilidade material, se comparada à mídia digital onde a obra da banda estava assentada.
(Por aqui viajo: heterotopia foucaltiana modulada pelo pop? “Don´t Look Back”, dizia Dylan. “Be Here Now”, completava George Harrison. Ah, o pop e a ciência, como dispositivos de novas sensibilidades e experiências como apostava Sontag...)
Quem conhece os caras (dois enormes artistas que atuam como médicos nas horas vagas...) pode até supor que, desta vez, o lado cientista maluco pendeu mais na balança que a overdosagem de cultura pop que sempre povoou as letras e os arranjos da banda. Do alto de quem entrou meio desavisado num Matriz (espaço histórico da música independente mineira) vazio numa noite do meio de maio de 2005 e foi imediatamente seqüestrado pela banda-e desde então tem tentado capturar os estilhaços estético/poético/sonoros do grupo- a resposta vem de um verso escutado naquela noite:
“Eu acho que passei do tempo”.
Pretensão dos infernos essa não? Mas, convenhamos, a dupla nunca se furtou a isso. E, bem, de certa forma, com esse disco, o tempo alcançou a Paralaxe. Mas isso demandou uma manobra bastante engenhosa por parte dos caras.
Há tempos faço o exercício de tentar crackear o template sonoro da banda. Separar os elementos formativos de um todo me levou a isso:
Paralaxe=música eletrônica + canções x rompantes de guitarra/beats alucinados + esfinges líricas [literatura + pop como subjetivação e não apenas como rótulo] – medo do exagero e das possibilidades de experimentação
A conta fechou bonito em três ótimos discos, cada um deles equacionando esses vetores de forma mais ou menos balanceada. No primeiro, “Paralaxe” (2005), fomos apresentados à dosagem de eletro/acústica travestindo pepitas cancionais; o segundo “Under Pop Pulp Fiction” (2008) se esbalda no carnaval de imagens e de sentidos, pesando bem a mão nos efeitos e nas narrativas; o terceiro “Deus Ex-Machina”, é fruto de insuspeita sobriedade lírica e de produção preciosa. Habemus, portanto, uma face personalíssima e personalista, um caso raro de estudo e fruição na cena belo-horizontina dos anos 00. Poucas bandas soam tão contemporâneas neste balaio quanto a Paralaxe. Em minha opinião, poucas bandas foram tão subestimadas no período. Mas... eu acho que...passei do tempo?
Portanto, de cara, “Quartzo” trazia em si um desafio prévio: desnudar todas essas personas, num delicado processo de seleção cancional, como qualquer processo compilativo. Mas remexer gavetas da memória, simplesmente, não é a onda desses doutores.
Homens-pop da ciência partem de premissas não óbvias.
Homens-pop da ciência tentam o impossível.
Homens-pop da ciência invertem o medidor do tempo e fazem do “Quartzo” um aliado.
Fizeram o tempo, em estratégia stoneana (não estamos falando afinal de pedras, de cristais?) estar (nos) lado(s) deles, A e B, o atual passado, o ex-futuro e nesse intervalo entre o cristal tocar o sulco do vinil, o presente, pleno. O contemporâneo responde a dúvida: achou errado, você não passou do tempo.
Você guarda o tempo em si.
Todos os tempos.
De novo: pretensão dos infernos essa não?
(Bem, adianto aqui que os caras têm na gaveta um disco biográfico sobre o simbolista Rimbaud. Passar uma temporada nos Hades da grandeza artística interessa muito a eles...)
O que se faz aqui é confirmar que, na verdade, as músicas lançadas anteriormente, nos três CD´s, eram na verdade releituras. Hein? Releituras do quê? Releituras eletrônicas de algo do passado! Releituras delas mesmas em suas versões primárias. O que nasceu orgânico- possivelmente de um violão, de um papel, de um riff de guitarra- e criou texturas externas, glacês eletro (entro) nizados, saiu da terra e chegou ao mundo já pronto, reprocessado nos trabalhos anteriores lançados pela banda.
Agora é back to the bone, dissecar, buscar a origem, revelar sons e sentidos bem primários e materializáveis da formação deles como artistas. Para o ouvinte é privilégio, poder checar com tanta precisão a alma (um trabalho que revela, no microscópio, fatos importantes como o grande cantor que Fred é; o puta guitarrista que o Rafa é; os espíritos inquietos por trás da polifonia lírica toda) e o corpo (a impressionante qualidade dos arranjos; o supremo cuidado com a parte visual com a assinatura de Eduardo Recife, a gravação preciosa do Baiano) da estrutura Paralaxe.
Eis o “Quartzo”, portanto: espécie de anatomia da verdade paralaxiana. Quartzo, algo que está sim, escondido na terra e dela faz parte, “mas que proporciona difração de matizes ao receber um feixe de luz incolor, que tem pulsação temporal e calibragem telúrica”, como nos contam eles.
Ouso aqui chamar essa pulsação e calibragem de disco de vinil. Origem é origem, the song remains the same, a ciência do pop é sábia. Pouco a ver com a recuperação fetichista da mídia vintage, não há subentendido aqui o slogan meio hype do vinil como futuro. Tudo a ver com o propósito de revelar o que no passado estava escondido em efeitos mil, vontades possibilitadas pela era da informação, pelos suportes digitais.
Não. O vinil serve aqui como aparato analógico pra desvendar o presente. Eles mesmos assumem: além do aspecto de comemoração, há um desafio em jogo, um propositado “sair da zona de conforto”.
Para eles, pelo aspecto orgânico da execução dos instrumentos e da restrição de possibilidades de tentativa-erro impostas pela fita magnética.
Para nós, os ouvintes, temos a oportunidade de tentar perceber uma narração interna oculta da obra, não essa, fixada no vinil, mas de todo o espectro paralaxiano.
Portanto, escuto aqui “Juliano Doido”, “Retrato” “Lázaro”, “Magdalena”, “Clubber do Milharal” como se não as conhecesse e não as acompanhasse desde uma noite fria, há uma década. Brindo com eles essa coragem de se auto-autopsiar, com a sensação de que, se eu abrisse meu corpo (e alma), também ia me surpreender com o que encontraria lá. Isso já motivo o suficiente para comemorações.
Para quem está sendo apresentado à banda agora, sugiro então o caminho inverso: comece nesse “Quartzo” para depois ir percorrendo os discos anteriores. A cronologia não é o que mais se aplica por aqui: essa banda não passou do tempo, afinal.
“O ‘Quartzo’ não nasceu. Como bom cristal que é ele sempre existiu!”
A conclusão acima, do vocalista Fred HC, veste com precisão essa roupa de luxo que ele e o guitarrista Rafael teceram para celebrar as comemorações de dez anos da Paralaxe. O mineral que se usa para medir o tempo, cuja vibração determina a passagem das horas na grande maioria dos relógios, localiza o quart(z)o disco do grupo como museu de grandes novidades, nostalgia do futuro, todo e nenhum tempo concentrado no espaço de um vinil que, em si é também a metáfora do cristal (quartzo) no recorte da durabilidade material, se comparada à mídia digital onde a obra da banda estava assentada.
(Por aqui viajo: heterotopia foucaltiana modulada pelo pop? “Don´t Look Back”, dizia Dylan. “Be Here Now”, completava George Harrison. Ah, o pop e a ciência, como dispositivos de novas sensibilidades e experiências como apostava Sontag...)
Quem conhece os caras (dois enormes artistas que atuam como médicos nas horas vagas...) pode até supor que, desta vez, o lado cientista maluco pendeu mais na balança que a overdosagem de cultura pop que sempre povoou as letras e os arranjos da banda. Do alto de quem entrou meio desavisado num Matriz (espaço histórico da música independente mineira) vazio numa noite do meio de maio de 2005 e foi imediatamente seqüestrado pela banda-e desde então tem tentado capturar os estilhaços estético/poético/sonoros do grupo- a resposta vem de um verso escutado naquela noite:
“Eu acho que passei do tempo”.
Pretensão dos infernos essa não? Mas, convenhamos, a dupla nunca se furtou a isso. E, bem, de certa forma, com esse disco, o tempo alcançou a Paralaxe. Mas isso demandou uma manobra bastante engenhosa por parte dos caras.
Há tempos faço o exercício de tentar crackear o template sonoro da banda. Separar os elementos formativos de um todo me levou a isso:
Paralaxe=música eletrônica + canções x rompantes de guitarra/beats alucinados + esfinges líricas [literatura + pop como subjetivação e não apenas como rótulo] – medo do exagero e das possibilidades de experimentação
A conta fechou bonito em três ótimos discos, cada um deles equacionando esses vetores de forma mais ou menos balanceada. No primeiro, “Paralaxe” (2005), fomos apresentados à dosagem de eletro/acústica travestindo pepitas cancionais; o segundo “Under Pop Pulp Fiction” (2008) se esbalda no carnaval de imagens e de sentidos, pesando bem a mão nos efeitos e nas narrativas; o terceiro “Deus Ex-Machina”, é fruto de insuspeita sobriedade lírica e de produção preciosa. Habemus, portanto, uma face personalíssima e personalista, um caso raro de estudo e fruição na cena belo-horizontina dos anos 00. Poucas bandas soam tão contemporâneas neste balaio quanto a Paralaxe. Em minha opinião, poucas bandas foram tão subestimadas no período. Mas... eu acho que...passei do tempo?
Portanto, de cara, “Quartzo” trazia em si um desafio prévio: desnudar todas essas personas, num delicado processo de seleção cancional, como qualquer processo compilativo. Mas remexer gavetas da memória, simplesmente, não é a onda desses doutores.
Homens-pop da ciência partem de premissas não óbvias.
Homens-pop da ciência tentam o impossível.
Homens-pop da ciência invertem o medidor do tempo e fazem do “Quartzo” um aliado.
Fizeram o tempo, em estratégia stoneana (não estamos falando afinal de pedras, de cristais?) estar (nos) lado(s) deles, A e B, o atual passado, o ex-futuro e nesse intervalo entre o cristal tocar o sulco do vinil, o presente, pleno. O contemporâneo responde a dúvida: achou errado, você não passou do tempo.
Você guarda o tempo em si.
Todos os tempos.
De novo: pretensão dos infernos essa não?
(Bem, adianto aqui que os caras têm na gaveta um disco biográfico sobre o simbolista Rimbaud. Passar uma temporada nos Hades da grandeza artística interessa muito a eles...)
O que se faz aqui é confirmar que, na verdade, as músicas lançadas anteriormente, nos três CD´s, eram na verdade releituras. Hein? Releituras do quê? Releituras eletrônicas de algo do passado! Releituras delas mesmas em suas versões primárias. O que nasceu orgânico- possivelmente de um violão, de um papel, de um riff de guitarra- e criou texturas externas, glacês eletro (entro) nizados, saiu da terra e chegou ao mundo já pronto, reprocessado nos trabalhos anteriores lançados pela banda.
Agora é back to the bone, dissecar, buscar a origem, revelar sons e sentidos bem primários e materializáveis da formação deles como artistas. Para o ouvinte é privilégio, poder checar com tanta precisão a alma (um trabalho que revela, no microscópio, fatos importantes como o grande cantor que Fred é; o puta guitarrista que o Rafa é; os espíritos inquietos por trás da polifonia lírica toda) e o corpo (a impressionante qualidade dos arranjos; o supremo cuidado com a parte visual com a assinatura de Eduardo Recife, a gravação preciosa do Baiano) da estrutura Paralaxe.
Eis o “Quartzo”, portanto: espécie de anatomia da verdade paralaxiana. Quartzo, algo que está sim, escondido na terra e dela faz parte, “mas que proporciona difração de matizes ao receber um feixe de luz incolor, que tem pulsação temporal e calibragem telúrica”, como nos contam eles.
Ouso aqui chamar essa pulsação e calibragem de disco de vinil. Origem é origem, the song remains the same, a ciência do pop é sábia. Pouco a ver com a recuperação fetichista da mídia vintage, não há subentendido aqui o slogan meio hype do vinil como futuro. Tudo a ver com o propósito de revelar o que no passado estava escondido em efeitos mil, vontades possibilitadas pela era da informação, pelos suportes digitais.
Não. O vinil serve aqui como aparato analógico pra desvendar o presente. Eles mesmos assumem: além do aspecto de comemoração, há um desafio em jogo, um propositado “sair da zona de conforto”.
Para eles, pelo aspecto orgânico da execução dos instrumentos e da restrição de possibilidades de tentativa-erro impostas pela fita magnética.
Para nós, os ouvintes, temos a oportunidade de tentar perceber uma narração interna oculta da obra, não essa, fixada no vinil, mas de todo o espectro paralaxiano.
Portanto, escuto aqui “Juliano Doido”, “Retrato” “Lázaro”, “Magdalena”, “Clubber do Milharal” como se não as conhecesse e não as acompanhasse desde uma noite fria, há uma década. Brindo com eles essa coragem de se auto-autopsiar, com a sensação de que, se eu abrisse meu corpo (e alma), também ia me surpreender com o que encontraria lá. Isso já motivo o suficiente para comemorações.
Para quem está sendo apresentado à banda agora, sugiro então o caminho inverso: comece nesse “Quartzo” para depois ir percorrendo os discos anteriores. A cronologia não é o que mais se aplica por aqui: essa banda não passou do tempo, afinal.
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
#quartzo #dia19 #paralaxe10anos | Magdalena
Hoje é dia de conhecer mais uma canção do "Quartzo"
Hoje é dia de "Magdalena"!
A musa inspiradora da capa do disco...
Climão Neil Young, baixo solto, guitarra emoldurando um vocal e letra meio soturnos...
"Você enxerga o que eu quero?"
Fala Fred!
"Essa música está no nosso terceiro disco, o “Deus ex Machina”. Nesse disco, eventos do mundo atual se misturam ao universo religioso. Quem conhece a história bíblica e suas leituras pagãs (Dan Brown? Outras, principalmente) vai entender os percursos da narrativa de Magdalena. Aqui há “sequestros de íris”, ressureições, Vênus/Saturno, masculino/feminino. Antes de gravar passamos um dia inteiro ouvindo Neil Young e trilhas de filmes de faroeste. Conseguimos a concisão musical almejada. A capa do Quartzo é a imagem de Magdalena acrescida das nossas perspectivas em paralaxe que se somam em nome de todos os segredos, toda fé e todo mistério: merecem nosso silêncio contemplativo (“ela reza em silêncio”)"
https://soundcloud.com/paralaxebh/magdalena-1
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Quartzo dia 12 - Juliano Doido
#quartzo #dia12 #paralaxe10anos
Vamos a mais uma dose de "Quartzo"?
Vamos!
Hoje é dia de "Juliano Doido", um dos hits da banda ("Me devolva/Me devolva/Me devolva/Meu nome!") que chega no disco em versão kruppiana, meio big band e segue em levada jazzy, metais, tudo na finesse maior.
https://soundcloud.com/paralaxebh/juliano-doido
Vamos a mais uma dose de "Quartzo"?
Vamos!
Hoje é dia de "Juliano Doido", um dos hits da banda ("Me devolva/Me devolva/Me devolva/Meu nome!") que chega no disco em versão kruppiana, meio big band e segue em levada jazzy, metais, tudo na finesse maior.
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quinta-feira, 17 de setembro de 2015
Quartzo - dia 06 - Lázaro
#quartzo #dia06 #paralaxe10anos
Hoje é dia de conhecer mas uma música do "Quartzo"! Pinçada do primeiro disco da Paralaxe, "Retrato" ganhou nova cadência, menos urgente e tensa; mais jazzy e enfumaçada...
Hoje é dia de conhecer mas uma música do "Quartzo"! Pinçada do primeiro disco da Paralaxe, "Retrato" ganhou nova cadência, menos urgente e tensa; mais jazzy e enfumaçada...
\Fala Fred!
"Retrato’ é uma música sobre estar sozinho e engendrar transmutações - por isso a solidão de Emily Dickinson, por isso a sinestesia de Purple Haze. A versão atual se inspira em Gainsbourg, seus Gitanes e seus estúdios esfumaçados. O solo de trombone é eloquente nesse sentido.."
https://soundcloud.com/paralaxebh/retrato-1
"Retrato’ é uma música sobre estar sozinho e engendrar transmutações - por isso a solidão de Emily Dickinson, por isso a sinestesia de Purple Haze. A versão atual se inspira em Gainsbourg, seus Gitanes e seus estúdios esfumaçados. O solo de trombone é eloquente nesse sentido.."
https://soundcloud.com/paralaxebh/retrato-1
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Quartzo dia 04 - Lázaro
#quartzo #dia04 #paralaxe10anos
Hoje é dia de apresentar "Lázaro" para vocês!
Canção do terceiro álbum da Paralaxe, "Deus ex Machina", aparece em "Quartzo" vestida elegantemente em um arranjo meio western spaghetti, belíssimo e exato.
"...esse perfume caro, pode chamar de Lázaro!"
Fala Fred!
"O disco 'Deus ex Machina' propõe narrativas religiosas descontextualizadas: pessoas comuns tangem a transcendência mística pela aproximação (ora simbólica, ora fortuita) de aspectos rotineiras de suas vidas normais com o histórico de personagens bíblicos conhecidos.
Na canção ‘Lázaro’ é assim. Diferentemente da contraparte bíblica, o eu-lírico da música nega... mais que isso, roga para que lhe seja negado o milagre da ressurreição (“viver pode ser mais difícil ainda, prefiro não ser um milagre”). Uma coisa que me intriga é que Nick Cave e Jack White plagiaram a nossa letra (Dig, Lazarus Dig! e Lazaretto). podem conferir aí, o nosso Lázaro é bem anterior ao deles... : )'
Hoje é dia de apresentar "Lázaro" para vocês!
Canção do terceiro álbum da Paralaxe, "Deus ex Machina", aparece em "Quartzo" vestida elegantemente em um arranjo meio western spaghetti, belíssimo e exato.
"...esse perfume caro, pode chamar de Lázaro!"
Fala Fred!
"O disco 'Deus ex Machina' propõe narrativas religiosas descontextualizadas: pessoas comuns tangem a transcendência mística pela aproximação (ora simbólica, ora fortuita) de aspectos rotineiras de suas vidas normais com o histórico de personagens bíblicos conhecidos.
Na canção ‘Lázaro’ é assim. Diferentemente da contraparte bíblica, o eu-lírico da música nega... mais que isso, roga para que lhe seja negado o milagre da ressurreição (“viver pode ser mais difícil ainda, prefiro não ser um milagre”). Uma coisa que me intriga é que Nick Cave e Jack White plagiaram a nossa letra (Dig, Lazarus Dig! e Lazaretto). podem conferir aí, o nosso Lázaro é bem anterior ao deles... : )'
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domingo, 13 de setembro de 2015
Quartzo Dia 03 - Eduardo Recife
#quartzo #dia03 #paralaxe10anos #eduardorecife
Eduardo Recife é o nome responsável pela capa do "Quartzo"
O artista mineiro já assinou uma série de trabalhos com o pessoal da música mundo afora - embaixo, destacamos uma que ele fez para o Arcade Fire - e é assumidamente uma influência estética para a Paralaxe
Imagina a felicidade dos caras em ter essa linda capa assinada por ele então...
quem quiser saber mais informações sobre esse grande artista, é só acessar: http://www.misprintedtype.com/
Eduardo Recife é o nome responsável pela capa do "Quartzo"
O artista mineiro já assinou uma série de trabalhos com o pessoal da música mundo afora - embaixo, destacamos uma que ele fez para o Arcade Fire - e é assumidamente uma influência estética para a Paralaxe
Imagina a felicidade dos caras em ter essa linda capa assinada por ele então...
quem quiser saber mais informações sobre esse grande artista, é só acessar: http://www.misprintedtype.com/
sábado, 12 de setembro de 2015
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Quartzo dia 02 - Bin Laden é o Bruce Wayne
#quartzo #dia02 #paralaxe10anos #binladenéobrucewayne
...COMEÇANDO!
Dia 11 de setembro, taí a primeira música do "Quartzo"
Não dava pra ser outra: "Bin Laden é o Bruce Wayne"
Registrada primeiramente no disco "Under Pop Pulp Fiction" (2007) a canção aqui ganha elegante registro, arquitetado na maravilhosa linha de contrabaixo de Felipe Fantoni- um dos muitos colaboradores do disco (com calma vamos revelando os outros nomes que pintam no "Quartzo"). Destaque também para o solo de guitarra do Rafa, absolutamente soft e setentista, meio Steely Dan...
Fred HC dá a letra da letra... "Saiu depois de eu ler um post inflamado no Orkut sobre o Batman do Frank Miller. A música fala sobre alguém lamentando um relacionamento distante enquanto, sonolento diante da TV, é bombardeado por notícias de terrorismo, cavernas no Afeganistão com tecnologia hi-tech de bat-cavernas, heróis que pela sede de vingança parecem piores que vilões, assassinos com dupla identidade e escusos financiamentos da C.I.A., além de soldados, adolescentes quase, preparando mísseis ao som de Rage Against the Machine"
BEM VINDOS!
https://soundcloud.com/paralaxebh/bin-laden-o-bruce-wayne…
...COMEÇANDO!
Dia 11 de setembro, taí a primeira música do "Quartzo"
Não dava pra ser outra: "Bin Laden é o Bruce Wayne"
Registrada primeiramente no disco "Under Pop Pulp Fiction" (2007) a canção aqui ganha elegante registro, arquitetado na maravilhosa linha de contrabaixo de Felipe Fantoni- um dos muitos colaboradores do disco (com calma vamos revelando os outros nomes que pintam no "Quartzo"). Destaque também para o solo de guitarra do Rafa, absolutamente soft e setentista, meio Steely Dan...
Fred HC dá a letra da letra... "Saiu depois de eu ler um post inflamado no Orkut sobre o Batman do Frank Miller. A música fala sobre alguém lamentando um relacionamento distante enquanto, sonolento diante da TV, é bombardeado por notícias de terrorismo, cavernas no Afeganistão com tecnologia hi-tech de bat-cavernas, heróis que pela sede de vingança parecem piores que vilões, assassinos com dupla identidade e escusos financiamentos da C.I.A., além de soldados, adolescentes quase, preparando mísseis ao som de Rage Against the Machine"
BEM VINDOS!
https://soundcloud.com/paralaxebh/bin-laden-o-bruce-wayne…
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