quinta-feira, 23 de outubro de 2008

São Sebastião


assino São Sebastião no meu pulmão respira a flecha que me ampara

deixa fazer a redenção do coração me tatuar as três palavras
uma que sei é solidão, a outra não dispenso a dor pra desenha-la
aqui no vão do peito meu se o rei judeu me defender com sua arma

assino São Sebastião ressurreição pra ser honesto eu nem esperava
já tatuava em minha razão a progressão de fibonacci a regra áurea

o meu corpo sangra e ri
enquanto a morte não chegar
surge a face maori
em espirais de lágrima

se o meu corpo sangrar

se o meu corpo sangrar

pra disfarçar a cicatriz fiz essa aqui tipo uma rosa tatuada
seu nome escrito sobre mim na letra phi, a flor-de-lis desavisada

no meu corpo sangra

no meu corpo sangra
no meu corpo

essa tatoo em nu azul de henri matisse mais te revela do que apaga
era o seu nome a cicatriz que eu mesmo quis, a flecha só te realçava

o meu corpo sangra e ri
quanto a morte não chegar
surge em mim a maori
face em espirais de lágrima

se o meu corpo sangrar

se o meu corpo sangrar
se o meu corpo

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Revisitação

Cidade, por que me persegues? Com os dedos sangrando já não cavei em teu chão os sete palmos regulamentares para enterrar meus mortos? Não ficamos quites desde então? Por que insistes em acender toda noite as luzes de tuas vitrinas com as mercadorias do sonho a tão bom preço? Não é mais tempo de comprar. Logo será tempo de viajar para não se sabe onde. Sabe-se apenas que é preciso ir. De mãos vazias. Em vão alongas tuas ruas como nos dias de infância com a feérica promessa de uma aventura a cada esquina. Já não as tive todas? Em vão os conhecidos me saúdam do outro lado do vidro desse umbral onde a voz se detém interdita entre o que é e o que foi. Cidade, por que me persegues? Ainda que eu pegasse o mesmo velho trem, ele não me levaria a ti, que não és mais. As cidades, sabemos são no tempo, não no espaço e delas nos perdemos a cada longo esquecimento de nós mesmos. Se já não és e nem eu posso ser mais em ti, então que ao menos através do vidro, através do sonho, um menino e sua cidade saibam-se afinal intemporais, absolutos. (José Paulo Paes)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Dragunskis' Photostream






--> Coleção de fotos do Gustavo Dragunskis no Flickr

sábado, 17 de maio de 2008

Micróbios Filósofos







Ronaldo

"Eu 'tava com meus mano lá na minha quebrada,
chegou o Vanderlei e veio dar idéia errada..."

Myspace do UDR

Marrecos de Pequim

"Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo? Sol, chuva, noites de insônia, cálculos, combinações, violências, perigos – e nem sequer me resta a ilusão de ter realizado obra proveitosa. O jardim, a horta, o pomar – abandonados; os marrecos de Pequim – mortos; o algodão, a mamona – secando. E as cercas dos vizinhos, inimigos ferozes, avançam."

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Decades

antes de sair dizendo isso tenhamos no mínimo a dimensão do silêncio depois o resto todo pra depois do almoço nós estamos aqui a sós você sabia? sabia moço! where have they been, where have they been há anos, décadas! opened and shut, then slammed in our face, de fato, planfetário, penélope, parnaso, o silêncio e o cigarro apagado na palma da mão do mestre dos magos, a vida é uma agitação feroz e sem finalidade

domingo, 27 de abril de 2008

Santa Bárbara

quando a chuva vier lá do céu
e santa bárbara te conseguir
ver] entender sem me escutar
e ouvir sem repetir
o que eu não entendi

porque sempre há um sinal
qualquer som é infiel
melhor você se acostumar
com o que vem lá do céu
e santa bárbara ensina

a santa da nuvem branca foi quem me falou
se você quiser ficar aqui comigo como eu sou
é só dizer que me ama sem fazer som nenhum
a chuva vai chover pra responder que sim

ou que não há

se precisar levantar a voz
eu fico surdo e não volto amanhã
nem] naquela mesma procissão
talvez com outro elã
só] se Iansã me permitir

faça um silêncio assim pra me acordar
faça um silêncio assim pra eu conseguir
a santa da nuvem branca foi quem me falou
se você quiser ficar comigo ou só com o que restou

do que não há
do que não há

segunda-feira, 21 de abril de 2008

I - Called to madonna

Em 21 de abril de 1988, Jorjão-doido estava no bar conversando com o sorveteiro, tinha uns papéis cor de abóbora. Poucos minutos antes eu encontrara Valdeneido, em frente ao Foto Chilon, em estado de graça espiritual, em frente a Sideral sorveteria:

- Ouvi Stormbringer de manhã, “Holy Man” elevou minha alma, então não me atenta não, não vem com esses encosto, entojo, que eu estou leve, moço, flutuando, pleural.

Na verdade Valdeneido já tinha a alma impregnada de outras coisas, mas, posteriormente, a substância indizível dos harmônicos vocais do David Coverdale me fariam rever essa posição primária. Serão secundários (?), acompanhem-me. Disso sei hoje, então era difícil os eixos devidos, a gente só conseguia ouvir os harmônicos primários e uns white vinil noises bem baixinhos e de bom sentido... mas já era o bastante, e o prudente, pra ficar meio doente assim zonzo, devera (nada desses posteriores de serpente branca e chocalho):

- Me empresta esse disco...
- Depois, depois mesmo, você vai acreditar
- Vadeneido, explica!
- Lógico que não, espera o desvio da luz violeta,
vai reparando isso no arco-íris...
- Em João Pinheiro a gente já havia ouvido, lembra?
Naquela lanchonete.
- Aquele era outro, aguarda, confia e não me amola.

Subi, três semanas depois, a Rua da Mata, havia um risco vermelho escuro e friável perto do meio-fio que margeava a ladeira, era a passagem da enxurrada de março ou sombra de arco-íris. Em maio, em Patos, cicatrizes de enxada em beira de estrada podem ter nome de caminho de enxurrada, talvez até ditas sombras de arco-íris a depender do declive e da hora, do ângulo de reflexão. Ainda fica um lodo pouco que escorrega o redley de quem sobe a rua. Mas chego na casa dele enfim, sobre pés de vento e sob pés carregados de limão capeta:

- zzz
- Valdeneeeido?!
- Opa?
- E o disco?
- Tá bem... vai mais volta, com todos os vês...

Levei o Stormbringer pra casa como quem leva a tempestade de baixo do braço, sob a face, sob o sábado à tarde. As pessoas da rua não tinham feições ou cores, corriam delas. Quando cheguei afobado o homem sagrado de cara, frase e barulho me fez entender o recado. Talking about the moon and sun. Era o bastante pra primeira vez. Subi pro centro açodado depois, quem fica em casa numa hora dessa não agüenta a atmosfera da cor das paredes, subi pro centro e no centro estava o Jorjão-doido da terceira trindade, neo-pentecostal em breve, no bar conversando com o sorveteiro. Seus papéis cor de abóbora conto depois o prelúdio que eram.

- Você conhece o Stormbringer Jorjão?
- Gosto não.
- Não??? Mas, porque?
- Porque tirou o metálico, a seriedade da banda... sou mais os outros...
- Que isso...
- Eh... e não gosto desse batuque dançadinho do Glenn Hughes.

A maré vermelha de pirrófitas unicelulares ainda arfava inconsciente no meu pulsar de mental mirim, quase entreguista, púrpura, púrpura profundíssima de estranhezas mercuriais que avançavam insones, em vigília. Nunca mais esqueci isso enquanto dormindo, não fui vencido. Seqüelado talvez, com disco debaixo do braço. Passei em frente a Igreja dos Capuchinhos e do Rosário, com o barro roxo do tênis marcando o caminho e o disco, um pouco sem jeito e sem descanço, cismado, plano. Que batuque black funky dançadinho é esse que ele estava falando? Era proibido? Jorge-doido me dói a alma, a compreensão e o ouvido. Nunca mais os harmônicos coverdélicos me saíram de lembrança enquanto dormindo, apesar disso, secundários hoje encontram, acordados, os tons escuros do vermelho da tarde que me indicariam dessa sobreposição de som e sombra. Called to madonna to give me a line. Não entendia, entendo hoje mais ou menos. O sol que a gente enxerga no crepúsculo é uma imagem aparente, a luz sofre refrações que nos enganam os olhos, os sentidos, os modos, as dissonâncias.
_
(continua)

sábado, 19 de abril de 2008

Indecisa #2

A pedra enorme cai do telhado e esmaga a flor indecisa
que não sabia se abriria, hoje ou amanhã e nunca,
nunca mais será como foi
não tenho a certeza se a correnteza vai te poupar a culpa
perante o tempo, fraqueza e medo, caem da mesma altura
e nunca, nunca mais será como foi
e nunca, nunca mais foi flor
isso não importa, isso não importa, e isso não importa mais

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Flâneur, convidado do sereno

...flanar é a distinção de perambular com inteligência. Nada como o inútil para ser artístico. Daí o desocupado flâneur ter sempre na mente dez mil coisas necessárias, imprescindíveis, que podem ficar eternamente adiadas. Do alto de uma janela como Paul Adam, admira o caleidoscópio da vida no epítome delirante que é a rua; à porta do café, como Poe no Homem da Multidões, dedica-se ao exercício de adivinhar as profissões, as preocupações e até os crimes...
(João do Rio - 1904)

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Caos primaterial, base da Obra

A revolta celestial do arrogante lúcifer, a sua subseqüente expulsão para o abismo tenebroso e a queda de Adão como um nexo causal com aquela, constituem o ponto de partida da filosofia hermética, na medida em que essas duas características cósmicas causaram o caos 'primaterial' dos elementos, que é a base da Obra: converter a massa negra ao seu estado paradisíaco original através de uma sublimação completa.

sexta-feira, 28 de março de 2008

a fé remove alemanhas e me ajuda a encontrar leishmanias em lâminas de hematoxilina-eosina

terça-feira, 25 de março de 2008

Carolina Diz - Crônicas do Amanhecer

Neste sábado próximo, dia 29, a banda Carolina Diz lançará seu novo cd, "Crônicas do Amanhecer", no Teatro Marília a partir das 20 horas. O teatro fica na av. Alfredo Balena, 586. Infos: 31 9665-6313

sábado, 22 de março de 2008

Dirt pile, dirt pille

diga 33, digo e acordo tarde, redenção dos copos, turn on the bright lights, sobrevivi até aqui, mais ou menos, no more dramas, álcool, rivotril, bromazepan, de manhã reavalio essas coisas tantas, sexta feira santa da paixão paladar de xarope e parafina, o siso do juízo incluso no vácuo, diga 33, a idade de cristo, 33 anos, vamos!, não digo e acordo alto, álcool, rivotril, bromazepan, quase de manhã o sol se ajeita pra sua função de irromper meus olhos ao limite do suportável, tipo tortura do dops, técnica importada da polícia contra-revolucionária inglesa (segundo o livro do gaspari), essa coisa polícia inglesa me lembrou o show chuvoso do Interpol sábado passado, show chuvoso show me the dirt pile and i will pray that the soul can take, platéia alcatéia mansa, mais luz do que veia, turn on the bright lights, mais luz do que sangue fora da veia, manso que nem ganso acotovelavam-se gatos pingados, teenagers, twees, febres tifóides agudas, auto-limitadas, pose mínima auto reflexiva que esconda ou revele, celulares acesos, antes isqueiros, revelasse a espinha no rosto do paul banks em pouco tempo, tempo cruelmente curto, será ruga já sabemos, seria, será talvez de cera, dessas tipo cova da qual crescem flores invisíveis, from the dirt pile, from the dirt pille, sabemos desses entes, chet baker sem os dentes, o tom da entidade, inquices não engessam a cara pálida, assentamentos, me incluo lacaio aqui também, out of law, fora de moda de verdade, alicate anti-tati-quebra-nozes e barraco de zinco salpicador de estrelas, o siso do juízo incluso no vácuo do céu da boca fechada, há muita estrela solta pelo céu da boca e pouca constelação, muito cacique pra pouco índio, o cara pálida paul banks realiza o siso do juízo incluso no vácuo onde a luz é mais rápida, a luz é mais rápida, turn on the bright lights!!!

Os musgos têm lepra

os musgos têm lepra, na costa do marfim e na noruega,
você tem sua versão limpa, enquanto não se entrega
às coisas razoáveis, o braço torce e enverga galáxias,
constelações, espaço-naves, um sorriso no sol
com os olhos fechando careta, a mão faz uma sombra
e aventa possibilidades torpes, para o sol, os olhos, os musgos
e as flores

domingo, 16 de março de 2008

Domingo de ramos (hodie, non cras)

eu tenho a chaga de jesus na mão
eu tenho o sangue e o sacré coeur
o vento vai pra onde eu estiver
meu corpo quis a cicatriz
o povo pode ser por barrabás
o corvo é hodie e o resto e cras
vá pra onde eu não estiver mais
vá pra onde eu não estiver mais

terça-feira, 11 de março de 2008

Comanecci, Nadia

ela seria (e você, seria?) a substância que se inclina a desfazer a finalista medalhista de bronze, você e seu keds verde versus nadia comanecci, mais ninguém a negar o espírito, espiritualizar-se ao infinito terceiro, se for assim até eu... terceiro de três reis magos a aluir a aruanda, estrela de prata a guiar a guirlanda de bronze, incenso mirra e ouro de tolo, pouco pesa o pescoço, terceiro de três, needle in the hay, c'etait un palais infini, tombant dans l'or mat ou bruni, a substância do perfeito é o terceiro versus a quintessência comanecci, a ânsia desse jeito único sobre o mundo que nem vence, de leve é vencido, em quatorze rotações possíveis, cosmológico assim, assim como a terra, corpo de baile de estrelas, rising star, depois explico, depois do segundo

domingo, 9 de março de 2008

Hello is there anybody Kitty there?

just smile if you can hear me, can you stand up? i cannot put my finger on it now, the child is grown, and i have become, what i become

sábado, 1 de março de 2008

A estrela d'alva no céu desponta


ando sem nome e sem rosto com o gosto do seu beijo tosco de naftalina que sublima, passa do sólido ao vapor, lança giz chinês e cloro pro espaço, logo some sua destemida vertigem de ver sangue no fundo líquido vermelho campari do olho, só ele é assim, e o sangue, claro, claro, claro, tipo anemic royalty, claro, pennyroyal tea, vejo através do papel do sonho, de valsa, e vejo que são da mesma cor o sangue, não há diferença, o firmamento, os elementos figurados e as flores, matéria orgânica para petróleo depois de séculos aos milhões, cultivadas ainda na rua onde os ônibus passam, crisântemos, todos da mesma cor branco que temos anêmica aura de vênus, e venéreas patologias, ka-el veria, viriam também escabioses, lendas, lêndeas, kwell poderoso, em nuvens de ácido sulfúrico, que lá flutuam a grandes enomes altitudes, a temperatura na superfície da atmosfera de vênus é de 500 graus (!) e eu não poderia te mandar pra um inferno melhor, meu bem, linda pastora morena da cor de madalena, os russos já foram lá, em vênus, na estrela-d'alva, para tentar destruir de uma vez por todas o samba do noel rosa, ou aniquilar aquele personagem noel do professor de literatura grega de nova iorque, ou o próprio papai jor-el, se esse não se auto-flagelasse primeiro, ou pra colher todas as rosas e sedimentá-las no mar vermelho, no golfo pérsico, no kwait, kwell poderoso, mas só encontraram os invisíveis incas venusianos, e seus postos de petróleo de matéria orgânica em trânsito na história, crisântemos poluentes, não há consolo pra lua, ainda não sei por quanto tempo o tempo verde agüenta, o brilho da estrela, tudo dessaturou estranho, inglória, há de queratina restos em ruas de burro fugido, informe ao deus nosso o nosso uniforme cinza de cada dia desse vício, give me a leonard cohen, so i can sigh eternally, afterworld, sit and drink pennyroyal tea, i’m a anemic royalty, ka-el, kwait, kwell, esfera venérea desponta, dê esse tês na tez flor da pele e tampa ao tempo

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

But i see your true colors

manequim maniqueísta sua vista serve pra mim o começo ou fim da ausência, de preferência assim um lenço branco esse que choro de mentira atrás de grades, amarrar, fazer garrote, tirar sangue, brincar de médico, vida longa arte e juízo breve, pianíssimo, too soon too late too deep inside all the fake colors true, cinda o verão da verdade cyndi lauper, cinda o verão da verdade cyndi lauper, ciranda cirandinha cinda o incindível do rosto, a prisão é sinistra amarga e fria cirandar, but i see your true colors shining through, i see your true colors and that's why i love you so don't be afraid to let them show to be afraid

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Se você pretende saber quem eu sou

eu posso te dizer, você pode tudo, você é o último mártir vivo, a última razão crédula e cédulas jogadas, tapete vermelho de chiffon de seda e irremediáveis citações, quarenta anos atrás você atravessaria a rua de bicicleta, existia missa, festas e uma tabela de basquete em frente à casa, titanic antes do naufrágio, insurreição de atos falhos, o mártir antes do martírio, você podia tudo, todo o rock’n’roll líquido, agora não há horizontes, vigiar e punir, ninguém além da fronteira do mistério da fé e da fúria, fica a pé e esquece a fuga fácil, salva, poupe heróis póstumos em várias estações de via sacra, fica a pé e esquece a estrada alagada, de santos, de todos os santos, se você quiser saber quem eu sou, se é que você me entende...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Ian Curtis encantado

Foi lançado "Control", filme sobre biografia de Ian Curtis ano passado. Não tenho idéia sobre previsão do lançamento por aqui. O filme é em preto-e-branco, ganhou prêmios e têm trilha sonora com figurões... mas não é disso que eu queria falar. Um dos caminhos para a eternidade é morrer jovem, sempre isso; e a angústia (ou o charme) do excesso ("Rest My Chemistry")...; são esses os dois eixos que movem a mitologia do pop, das coisas de comércio popular e comportamento, de Manchester a Escambray... Tem dois discos lançados recentemente que me lembram o Joy Division: "Our love to Admire" do Interpol e "Boxer" do The National. 'Classudos' até a tampa. Ouçam as músicas "Pioneer to the Falls" ou "Mistaken for Strangers" e digam se estou errado. Parece consenso que o melhor dessas bandas são seus discos anteriores, é o que todo mundo fala.., acontece que esses dois, de 2007, estão entre os discos que eu mais ouvi ano passado, então não acho q seja só por saudosismo ou estado de espítito. A imagem aí em cima é o manuscrito original de "Love Will Tear Us Apart", tô vendendo pelo preço que comprei hein... Interpol vai estar em BH dia 15 de março (pelo preço comprado again).
"Boxer" - The National - 2007 - download
"Our love to Admire" - Interpol - 2007 - download
"Unknown Pleasures" - Joy Division- 1979 - download

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O seu cabelo não nega

era proto-punk verlaine alguns tons guns de porto novo,
antes portobelo, trago essa rosa, luxem-x-burgo da shiva
x-tudo x-rated xxx ss proto-iorubá x-rated xxx ss
vendo indulgências a títulos de carbono,
me vê essa sequela acesa o céu cabelo não nega
em 1919 uma expedição ao ceará observou
o desvio das estrelas, paralaxes (?)
o seu cabelo não nega demandas pós-materiais
o seu cabelo não nega demandas pós-materiais

domingo, 27 de janeiro de 2008

Dylan is God

"In a many dark hour I've been thinkin' about this That Jesus Christ Was betrayed by a kiss But I can't think for you You'll have to decide Whether Judas Iscariot Had God on his side".

Christopher Ricks, professor de poesia de Oxford, lançou um livro em 2004 fazendo uma hercúlea análise acadêmica das canções de Bob Dylan: "Dylan's Visions of Sin" (não sei se há tradução do livro). Segundo outro Christopher (Hitchens) "...Ricks defende a recorrência dos sete pecados mortais nas canções, apenas equilibrados como são pelas quatro virtudes cardeais e pelas três virtudes teológicas (ou graças celestiais: fé, esperança e caridade)..." Concordamos???
Ele vai estar no Brasil em março, turnê "Never Ending Tour": Via Funchal SP (quarta-feira, 5 de março, e na quinta-feira, dia 6), e no Rio (Rio Arena) no sábado, dia 8. Nunca consegui escrever traduções de suas letras, ainda que livres, as poucas tentativas que fiz foram mal logradas, aqui ficam só as ilustrações/colagens...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

"...quem é você blackbird
black raven do alan poe
comunista de moscou toma o nescau..."

Paralaxe - O Homem-Pássaro

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Thalidomide - Sylvia Plath

o half moon half-brain, luminosity negro, masked like a white,
your dark amputations crawl and appall spidery, unsafe.what glove
what leatheriness has protected me from that shadow the indelible buds knuckles at shoulder-blades, the faces that shove into being, dragging the lopped blood-caul of absences. all night i carpenter
a space for the thing i am given, a love of two wet eyes and a screech.
white spit of indifference! the dark fruits revolve and fall the glass cracks across,
the image flees and aborts like dropped mercury
Achei interessante essa comparação de 1968 com Dionísio (Vicente Verdú). Será que para o ano de 1989, então, caberia a analogia a Apolo? O saber dionisíaco opõe-se ao apolínico e, segundo Elio Gaspari "O grande ano da segunda metade do século passado não foi 1968, mas 1989. O colapso do império soviético e a destruição dos regimes socialistas europeus (...) Foi 1989 que permitiu aos revolucionários de 1968 a acomodação de suas idéias e biografias ao século XXI. (Numa perfídia dos algarismos, 89 é 68 invertido e de cabeça para baixo)". Dionísio é o deus da desmesura, da contradição e da volúpia nascida da dor enquanto Apolo a tudo simplifica, destaca, torna forte, claro, inequíco e, segundo Nietzsche, é "a liberdade sob a lei".

“Em 2008 acontecerá o 40º aniversário de um momento crucial do século 20. Muitos estopins pegaram fogo ao mesmo tempo, e uma geração se rebelou contra a sociedade burguesa. "Desejar a realidade é bom; realizar os desejos é melhor." A revolução de 1968 recendia a orgia. Assim, não se pode considerar estranho que seus detratores a vissem como um ataque de raiva de jovens mimados. E obscenos. O clima dionisíaco de 1968 foi o núcleo da revolta. Todas as críticas feitas aos fogos de artifício políticos daquele ano deixam de levar em conta sua fogueira fundamental, acesa pelo sexo e graças ao movimento de liberação da mulher. O capitalismo, porém, se manteve em pé. Trocou sua pele antiga por um cetim das cores do arco-íris, e ganhou a capacidade de desenvolver-se como grande festa pública de consumo agregada à do orgasmo e do antiautoritarismo. O capitalismo de produção e repressor rumou em direção ao cromatismo musical do capitalismo de consumo. O crescente valor do jovem significou uma inversão na hierarquia de valores. O protótipo burguês baseava sua moral em virtudes capitais: o poupar, a utilidade e a finalidade. Maio de 68 refutava cada um desses princípios. Diante do poupar e da contenção sexual, propugnava o gasto orgástico; diante da renúncia, o prazer já. A revolução "agora!" foi o grito fundamental que hoje se refere a qualquer coisa, desde o eletrodoméstico até a casa, da viagem ao fast food. A economia revelou-se equivalente à repressão, e a utilidade ou finalidade se manifestaram como a marca desencantada do projeto e da ação. Diante do poupar repressivo, o gasto; da utilidade calculada, o imediatismo e, da finalidade, a aventura. Esses elementos fazem o triângulo da cultura de consumo. Se os protagonistas de 68 conclamavam à criatividade, ao prazer, à liberação generalizada, também apelavam contra a sociedade de consumo, que, paradoxalmente, tornou-se a mais criativa e a que mais correspondeu a seus anseios de pecado sem penitência. O paradoxo era este: seus líderes repudiavam o consumismo sendo grandes consumistas por excelência: do tempo, do sexo, dos direitos, dos meios de comunicação. De fato, tanto Maio de 68 quanto o sistema geral de consumo são inconcebíveis sem a gigantesca explosão da "mass media". Veio daí o fato de a revolta ser, por um lado, muito ampla, como uma endemia, e, por outro, muito efêmera. Nascida e desenvolvida como um acontecimento sensacionalista num jornal da imprensa marrom, por mais vermelha pudesse parecer. Hoje não vale a pena qualificar aquela subversão como êxito ou fracasso - suas reivindicações se inscreveram na alma social como um bordado do mesmo fio. E o fizeram com tanta naturalidade quanto um ritmo que se encaixa perfeitamente com a melodia tocada em todo o mundo desde então: a melodia do novo capitalismo de consumo.”
Vicente Verdú - 20.01.2008.

sábado, 19 de janeiro de 2008



Sessão de Autógrafos - Altino, Gilcevi, Danislau

Nessa virada de ano ganhei dois grandes presentes (e autografados). O primeiro foi durante a apresentação do Paralaxe em Uberlândia-MG, Festival Beats por Mineiros, no "Goma", casa de shows recém inaugurada. No dia anterior, Danislau Também, escritor e um dos vocalistas da banda Porcas Borboletas havia lançado seu livro de poesias "O Herói Hesitante - Autobiografia de um Anônimo".


Danislau é um desses caras que faz a gente acreditar que existe vida inteligente na terra e fora dela! O livro e o disco dos Porcas são imperdíveis. Igualmente imperdível é o segundo presente, o novo disco do Carolina Diz que acaba de sair do forno. Orgulhosamente, fizemos uma participação na faixa 8 ("Canção para Animais Modernos"). A música parece ter referências de Aldous Huxley (Brave New World) tipo "duas pílulas de satisfação a cada refeição", "clube dos felizes" e, ironicamente, não sei, a história da "música sintética", com o Paralaxe... tudo planejado? Segundo César Gilcevi, letrista e baterista da banda, essas coisas são mais ou menos coincidências...

Essa história do "Leão Formoso..." é uma brincadeira com o "Leão de Formosa", apelido do poeta Altino Caixeta. No dia que ganhei o CD o César me devolveu o livro do Altino que eu tinha emprestado. "Crônicas do Amanhecer" é um disco denso, lastrado e muito bonito. Têm riffs de guitarra matadores, melodias matadoras e letras que fazem a ressurreição de tudo, "até a exaustão". Não vou ficar aqui rasgando seda demais, ouçam e depois me digam, eu recomendo...

Essa é a capa do livro de poesias que o cara me devolveu. Infelizmente esse não é autografado, mas eu guardo um papel com um número de telefone e o nome escrito, próprio punho, de Alfa Amorim de Castro, viúva do poeta, de quem ganhei o livro depois de pedir de joelhos... essa edição está esgotada há décadas, a editora nem existe mais... enfim... Eu fico viajando aqui nos caminhos das pessoas. Danislau de Uberlândia tem família em atos de Minas, Altino de Patos/Lagoa Formosa, quando vivia em BH, não saía do edifício Malleta onde, por sua vez, o pai do César Gilcevi trabalhava e onde freqüentemente a gente se encontra.
O Paralaxe começou em função do poema "Aluminissagem", desse livro.