domingo, 27 de janeiro de 2008

Dylan is God

"In a many dark hour I've been thinkin' about this That Jesus Christ Was betrayed by a kiss But I can't think for you You'll have to decide Whether Judas Iscariot Had God on his side".

Christopher Ricks, professor de poesia de Oxford, lançou um livro em 2004 fazendo uma hercúlea análise acadêmica das canções de Bob Dylan: "Dylan's Visions of Sin" (não sei se há tradução do livro). Segundo outro Christopher (Hitchens) "...Ricks defende a recorrência dos sete pecados mortais nas canções, apenas equilibrados como são pelas quatro virtudes cardeais e pelas três virtudes teológicas (ou graças celestiais: fé, esperança e caridade)..." Concordamos???
Ele vai estar no Brasil em março, turnê "Never Ending Tour": Via Funchal SP (quarta-feira, 5 de março, e na quinta-feira, dia 6), e no Rio (Rio Arena) no sábado, dia 8. Nunca consegui escrever traduções de suas letras, ainda que livres, as poucas tentativas que fiz foram mal logradas, aqui ficam só as ilustrações/colagens...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

"...quem é você blackbird
black raven do alan poe
comunista de moscou toma o nescau..."

Paralaxe - O Homem-Pássaro

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Thalidomide - Sylvia Plath

o half moon half-brain, luminosity negro, masked like a white,
your dark amputations crawl and appall spidery, unsafe.what glove
what leatheriness has protected me from that shadow the indelible buds knuckles at shoulder-blades, the faces that shove into being, dragging the lopped blood-caul of absences. all night i carpenter
a space for the thing i am given, a love of two wet eyes and a screech.
white spit of indifference! the dark fruits revolve and fall the glass cracks across,
the image flees and aborts like dropped mercury
Achei interessante essa comparação de 1968 com Dionísio (Vicente Verdú). Será que para o ano de 1989, então, caberia a analogia a Apolo? O saber dionisíaco opõe-se ao apolínico e, segundo Elio Gaspari "O grande ano da segunda metade do século passado não foi 1968, mas 1989. O colapso do império soviético e a destruição dos regimes socialistas europeus (...) Foi 1989 que permitiu aos revolucionários de 1968 a acomodação de suas idéias e biografias ao século XXI. (Numa perfídia dos algarismos, 89 é 68 invertido e de cabeça para baixo)". Dionísio é o deus da desmesura, da contradição e da volúpia nascida da dor enquanto Apolo a tudo simplifica, destaca, torna forte, claro, inequíco e, segundo Nietzsche, é "a liberdade sob a lei".

“Em 2008 acontecerá o 40º aniversário de um momento crucial do século 20. Muitos estopins pegaram fogo ao mesmo tempo, e uma geração se rebelou contra a sociedade burguesa. "Desejar a realidade é bom; realizar os desejos é melhor." A revolução de 1968 recendia a orgia. Assim, não se pode considerar estranho que seus detratores a vissem como um ataque de raiva de jovens mimados. E obscenos. O clima dionisíaco de 1968 foi o núcleo da revolta. Todas as críticas feitas aos fogos de artifício políticos daquele ano deixam de levar em conta sua fogueira fundamental, acesa pelo sexo e graças ao movimento de liberação da mulher. O capitalismo, porém, se manteve em pé. Trocou sua pele antiga por um cetim das cores do arco-íris, e ganhou a capacidade de desenvolver-se como grande festa pública de consumo agregada à do orgasmo e do antiautoritarismo. O capitalismo de produção e repressor rumou em direção ao cromatismo musical do capitalismo de consumo. O crescente valor do jovem significou uma inversão na hierarquia de valores. O protótipo burguês baseava sua moral em virtudes capitais: o poupar, a utilidade e a finalidade. Maio de 68 refutava cada um desses princípios. Diante do poupar e da contenção sexual, propugnava o gasto orgástico; diante da renúncia, o prazer já. A revolução "agora!" foi o grito fundamental que hoje se refere a qualquer coisa, desde o eletrodoméstico até a casa, da viagem ao fast food. A economia revelou-se equivalente à repressão, e a utilidade ou finalidade se manifestaram como a marca desencantada do projeto e da ação. Diante do poupar repressivo, o gasto; da utilidade calculada, o imediatismo e, da finalidade, a aventura. Esses elementos fazem o triângulo da cultura de consumo. Se os protagonistas de 68 conclamavam à criatividade, ao prazer, à liberação generalizada, também apelavam contra a sociedade de consumo, que, paradoxalmente, tornou-se a mais criativa e a que mais correspondeu a seus anseios de pecado sem penitência. O paradoxo era este: seus líderes repudiavam o consumismo sendo grandes consumistas por excelência: do tempo, do sexo, dos direitos, dos meios de comunicação. De fato, tanto Maio de 68 quanto o sistema geral de consumo são inconcebíveis sem a gigantesca explosão da "mass media". Veio daí o fato de a revolta ser, por um lado, muito ampla, como uma endemia, e, por outro, muito efêmera. Nascida e desenvolvida como um acontecimento sensacionalista num jornal da imprensa marrom, por mais vermelha pudesse parecer. Hoje não vale a pena qualificar aquela subversão como êxito ou fracasso - suas reivindicações se inscreveram na alma social como um bordado do mesmo fio. E o fizeram com tanta naturalidade quanto um ritmo que se encaixa perfeitamente com a melodia tocada em todo o mundo desde então: a melodia do novo capitalismo de consumo.”
Vicente Verdú - 20.01.2008.

sábado, 19 de janeiro de 2008



Sessão de Autógrafos - Altino, Gilcevi, Danislau

Nessa virada de ano ganhei dois grandes presentes (e autografados). O primeiro foi durante a apresentação do Paralaxe em Uberlândia-MG, Festival Beats por Mineiros, no "Goma", casa de shows recém inaugurada. No dia anterior, Danislau Também, escritor e um dos vocalistas da banda Porcas Borboletas havia lançado seu livro de poesias "O Herói Hesitante - Autobiografia de um Anônimo".


Danislau é um desses caras que faz a gente acreditar que existe vida inteligente na terra e fora dela! O livro e o disco dos Porcas são imperdíveis. Igualmente imperdível é o segundo presente, o novo disco do Carolina Diz que acaba de sair do forno. Orgulhosamente, fizemos uma participação na faixa 8 ("Canção para Animais Modernos"). A música parece ter referências de Aldous Huxley (Brave New World) tipo "duas pílulas de satisfação a cada refeição", "clube dos felizes" e, ironicamente, não sei, a história da "música sintética", com o Paralaxe... tudo planejado? Segundo César Gilcevi, letrista e baterista da banda, essas coisas são mais ou menos coincidências...

Essa história do "Leão Formoso..." é uma brincadeira com o "Leão de Formosa", apelido do poeta Altino Caixeta. No dia que ganhei o CD o César me devolveu o livro do Altino que eu tinha emprestado. "Crônicas do Amanhecer" é um disco denso, lastrado e muito bonito. Têm riffs de guitarra matadores, melodias matadoras e letras que fazem a ressurreição de tudo, "até a exaustão". Não vou ficar aqui rasgando seda demais, ouçam e depois me digam, eu recomendo...

Essa é a capa do livro de poesias que o cara me devolveu. Infelizmente esse não é autografado, mas eu guardo um papel com um número de telefone e o nome escrito, próprio punho, de Alfa Amorim de Castro, viúva do poeta, de quem ganhei o livro depois de pedir de joelhos... essa edição está esgotada há décadas, a editora nem existe mais... enfim... Eu fico viajando aqui nos caminhos das pessoas. Danislau de Uberlândia tem família em atos de Minas, Altino de Patos/Lagoa Formosa, quando vivia em BH, não saía do edifício Malleta onde, por sua vez, o pai do César Gilcevi trabalhava e onde freqüentemente a gente se encontra.
O Paralaxe começou em função do poema "Aluminissagem", desse livro.